Havia certa vez um homem
Que dizia o nome de Deus
Quando o coração lhe doía
Por uma criança que chorava
Ou um pobre que mendigava...
Ele andava até a floresta
Acendia o fogo
Entoava canções e dizia as palavras
E Deus o ouvia...
O tempo passou, voltou a mesma floresta
Mas não carregava fogo nas mãos
Só lhe restou cantar as mesmas canções
E dizer as palavras, e Deus atendeu ainda assim
Um tempo mais longo se foi
Sem fogo nas mãos
Sem força nas pernas, não alcançou a floresta
Mas do seu quarto
Saíram as mesmas canções, e as mesmas palavras
E Deus lhe disse sim...
Chegou a velhice
Nem floresta, nem fogo ou canções
Restaram as palavras
E o mesmo milagre ocorreu
Por fim, sem fogo ou floresta
Sem canções ou palavras
Só mesmo o infinito desejo e o silêncio
E Deus tudo entendeu