Eu não quero ser rei, nem rainha, nem dama
Não danço com nêga baiana
Não quero calunga nas mãos.
Parafuso, tesoura, cordão saca-rolha
Mulata, não seja teimosa
E acerta o seu passo no meu.
Quando eu danço o meu frevo eu esqueço a vida
Parece que eu me transporto
Ao tempo em que o tempo vinha
Do tempo do passo-chão
Dançado de pé no chão
Fervendo, frevendo o frevo
Frevando na confusão
Hoje eu passo um compasso de um tempo novo
Compasso de pés no espaço
Calçando alumínio e aço
Na roda dos caminhões
Na rota dos aviões
É som de metal vibrando
Abafando recordações
Parafuso girando, girando complexo
Eu busco na essência do sexo
A verdade contida no amor.
Eu não quero ser rei, nem rainha, nem dama
Só quero uma nêga baiana
Despida e vestida de amor.
(Me faz ser teu rei, baiana
Que eu dispo e te visto de amor)